
13 e 14 de setembro de 2013.
Participantes: Édio Furlanetto, Ramon Correa Paludo, Indianara Zanatta Borgonovo, Patricia Birsnek, Rogério Dias, Ciro Aguilar e Perro loco.
O caminho Inca foi uma trilha utilizada pela civilização Inca. Sua extensão abrange mais de 5.000 km, indo do Chile a América Central. Agências de turismo nos levam para refazer partes desses caminhos. A agência Brasil de Mochilas, com a qual fechamos, faz essa trilha partindo do Km 82, um pacote de 4 dias e 2 noites, sendo dois dias de caminhada passando a noite em barraca e alimentação fornecida pelos guias que acompanham os andarilhos. Optamos pelo Pacote 2 dias e 1 noite e iniciar a trilha no km 104, que leva apenas um dia – cerca de 5 a 7 horas de caminhada até Machupicchu. Essa escolha foi feita porque não sabíamos como iríamos reagir quanto a altitude do lugar. Mas, antes de partir para de Cusco para a trilha Inca, havíamos passado por altitudes como 3.600 m, de La Paz, e 5.400 m do Chacaltaya e todos integrantes apresentaram-se fisicamente bem.
Marcamos com a agência Brasil de mochilas com 4 meses de antecedência, pois a trilha é limitada a 500 pessoas por dia. Uma van passou no hostel em Cusco às 5:30 horas da manhã para nos levar até a estação San Pedro em Olantaytambo para pegar o trem que partia às 7:00 horas rumo a Machupicchu.
Descemos no km 104 da via férrea, no meio da Amazônia peruana. Não havia ninguém por lá, apenas uma placa indicando que paramos no ponto certo. Resolvemos esperar o guia. Depois de uns 10 minutos de espera avistamos correndo, ao lado do trilho do trem, o guia e um cachorro vindo em nossa direção. Ele havia passado 11 km do ponto! E o cachorro, o guia disse que conheceu no caminho e o seguiu. E assim formamos o grupo para a caminhada: nós, o guia, e o cachorro que chamamos de perro loco. O guia se chamava Ciro Aguilar. Ele conhece muito bem a história e a cultura do povo e da região e fala Quéchua, a língua atual Inca.
Começamos parte do caminho atravessando uma ponte sobre o rio Urubamba. Esse rio nasce em La Raya, no Peru e com seus mais de 8.000 km de extensão, desemboca no Amazonas.
Iniciamos uma leve subida e cada vez avistávamos o rio mais distante. Andávamos na beira do penhasco contornando as montanhas. Passamos por ruínas em meio a mata, cachoeiras, morangos silvestres e um tipo de orquídea gigante, sua flor era do tamanho de uma mão. O cachorro foi nosso companheiro durante toda travessia.
Nosso primeiro ponto de parada para visitação foi o Conjunto Arqueológico de Chachabamba a 2.150 m de altitude.
Depois de mais algumas horas de caminhada alcançamos o Wiñaywayna um centro agrícola com terraços de cultivo, um setor religioso e um urbano. Foi ali que almoçamos com algumas lhamas pastando ao lado.
Quando chegamos a Inti Punku, a Porta do Sol, avistamos Machupicchu lá em baixo e o Hayanapicchu fazendo o desenho de um rosto narigudo deitado. É uma excelente vista panorâmica de toda cidade.
Chegamos a Machupicchu no fim da tarde, mas a visita pela cidade seria feita no dia seguinte. Pegamos um ônibus para Águas Calientes, onde nos hospedamos no hotel escolhido pelo Brasil de Mochilas, acomodação simples e suficiente para um bom descanso. A cidade fica a uns 15 minutos de Machuppichu. Seu nome se dá pelas águas termais sulfurosas da região. Muitos turistas a visitam e se banham nessas águas, pois acreditam ter poderes curativos e relaxantes. Águas Calientes fica a margem do rio Urubamba e cercada por paredões de pedra. A chegada na cidade nos oferece uma vista sensacional.
O jantar daquela noite estava incluso no pacote que compramos na agência e tivemos a companhia de Ciro, o guia.
No dia seguinte visitamos Machupicchu. Logo cedo pegamos o ônibus em Águas Calientes e chegamos ao amanhecer, enquanto ainda tinha poucos turistas. A visitação é limitada a 1.500 pessoas por dia.
Em cada parada o guia jorrava informação sobre como viviam os Incas. A cidade foi construída a 2.400 m de altitude. Segundo Ciro, esse ponto foi escolhido por alguns motivos como aproximação com o divino, estudos astronômicos e poder avistar de cima quem se aproximava da cidade.
Machupicchu foi abandonada pelos Incas e por isso não foi destruída pelos espanhóis. A “Cidade Perdida dos Incas” foi coberta pela mata e só foi encontrada em 1911, pelo antropólogo norte americano Hiram Bingham.
Dizem que os Incas sabiam que espanhóis se aproximavam. Eles tinham um sistema muito bom de comunicação e os que corriam mais rápido eram os que levavam as mensagens de uma cidade a outra. Ciro conta que o que levamos para percorrer em três dias, eles corriam em poucas horas. Havia pontos onde os mensageiros se encontravam e passavam suas mensagens e de um a outro, ela chegava ao seu destino. Assim, com a derrubada de vários vilarejos Incas, os moradores de Machupicchu puderam fugir antes que os espanhóis alcançassem sua cidade. Em feiras de artesanato, como em Pisac, podemos encontrar jogos em que as peças são Incas contra os espanhóis.
Machupicchu era uma cidade-escola. Iam para lá os que se destacavam mais em suas atividades, com o propósito de formar uma sociedade forte e poderosa. A hierarquia da nobreza também era representada na arquitetura da cidade. Algumas portas de acesso, de acordo com a escultura das pedras, indicavam quem poderia passar por ali. Há várias teorias sobre o corte das pedras, feita de forma tão perfeita, e sobre como as levaram para cima das montanhas. A mais aceita é que cortavam as pedras pelas suas fissuras, colocando um tipo de madeira que em contato com água inchava e estourava as pedras.
O sistema de encanamento da água é muito complexo e bem arquitetado, pois passa por todas as casas e ambientes da cidade passando por dutos entalhados na pedra. Até hoje a água corre perfeitamente como antigamente, quando foi projetado.
Nas casas sem telhados é possível visualizar como eram colocados através da estrutura que permaneceu e algumas pedras se encontram deslocadas devido a abalos sísmicos, mas sem derrubá-los, tamanha perfeição de seu encaixe.
Após passear pela extensão de Machupicchu seguimos para Huayna Picchu. A entrada na montanha é permitida somente até às 11 horas da manhã. A subida é feita por trilha e escadarias íngremes, cortadas em blocos de pedras. Lá de cima, sem palavras. A imagem de toda a cidade é impressionante! Parece que os contornos do vilarejo tem formato de um condor, vista daquela direção. O ar rarefeito e puro da altitude preenche os pulmões com dificuldade, mas cada degrau vale a pena, para sentir a sensação de magia entrar pelos poros e a vontade de rir, chorar, e silenciar a mente, apenas sentir alegria e êxtase.
Custos:
O valor pacote 2 dias e 1 noite do Brasil de Mochilas foi no valor de US$ 440, pagos 50% na reserva e 50% em Cusco, incluso no valor:
· A van que nos levou do hostel até a estação de trem.
· A passagem do trem até o inicio da caminhada no km 104;
· O guia para o percurso do caminho Inca;
· Duas passagens de ônibus de Machupicchu a Águas Calientes (Uma passagem paga-se extra, mas percorremos o trecho a pé);
· As entradas ao Caminho Inca, Machupicchu e Huaynapicchu;
· A hospedagem em hotel em Águas Calientes;
· 1 café da manhã, 1 almoço e 1 jantar.
· O retorno de trem e de van até o hostel.